O TAU DE SÃO FRANCISCO
Há certos sinais que revelam uma escolha
de vida. O TAU, um dos mais famosos símbolos franciscanos, hoje está
presente no peito das pessoas num cordão, num broche, enfeitando paredes
numa escultura expressiva de madeira, num pôster ou pintura. Que
escolha de vida revela o TAU? Ele é um símbolo antigo, misterioso e
vital que recorda tempo e eternidade. A grande busca do humano querendo
tocar sempre o divino e este vindo expressar-se na condição humana.
Horizontalidade e verticalidade. As duas linhas: Céu e Terra! Temos o
símbolo do TAU riscado nas cavernas do humano primitivo. Nos objetos do
Faraó Achenaton no antigo Egito e na arte da civilização Maia. Francisco
de Assis o atualizou e imortalizou. Não criou o TAU, mas o herdou como
um símbolo seu de busca do Divino e Salvação Universal.
O TAU NA IDADE MÉDIA
Vimos o significado salvífico que a letra hebraica do TAU recebe na Bíblia. Mas o TAU tem também um significado extrabíblico, bastante divulgado na Idade Média: perfeição, meta, finalidade última, santo propósito, vitória, ponto de equilíbrio entre forças contrárias. A sua linha vertical significa o superior, o espiritual, o absoluto, o celeste.A sua linha horizontal lembra a expansão da terra, o material, a carne. O TAU lembra a imagem do sustentáculo da serpente bíblica: clavada numa estaca como sinal da vitória sobre a morte. Uma vitória mística, isto é, nascer para uma vida superior perfeita e acabada. É cruz vitoriosa, perfeição, salvação, exorcismo. Um poder sobre as forças hostis, um talismã de fé, um amuleto de esperança usado por gente devota e sensível.
TAU, SINAL BÍBLICO
Existe somente um texto bíblico que
menciona explicitamente o TAU, última letra do alfabeto hebraico,
Ezequiel 9,1-7: “Passa pela cidade, por Jerusalém, e marca com um TAU a
fronte dos homens que gemem e choram por todas as práticas abomináveis
que se cometem”. O TAU é a mais antiga grafia em forma de cruz. Na
Bíblia e usado como ato de assinalar. Marcar com um sinal é muito
familiar na Bíblia. Assinalar significa lucrar, fechar dentro um
segredo, uma ação. É confirmar um testemunho e comprometer aquele que
possui o segredo. O TAU é selo de Deus; significa estar sob o domínio do
Senhor, e a garantia de ser reconhecido por Ele e ter a sua proteção. É
segurança e redenção, voltar-se para o Divino, sopro criador animando
nossa vida como aspiração e inspiração.
Vimos o significado salvífico que a letra hebraica do TAU recebe na Bíblia. Mas o TAU tem também um significado extrabíblico, bastante divulgado na Idade Média: perfeição, meta, finalidade última, santo propósito, vitória, ponto de equilíbrio entre forças contrárias. A sua linha vertical significa o superior, o espiritual, o absoluto, o celeste.A sua linha horizontal lembra a expansão da terra, o material, a carne. O TAU lembra a imagem do sustentáculo da serpente bíblica: clavada numa estaca como sinal da vitória sobre a morte. Uma vitória mística, isto é, nascer para uma vida superior perfeita e acabada. É cruz vitoriosa, perfeição, salvação, exorcismo. Um poder sobre as forças hostis, um talismã de fé, um amuleto de esperança usado por gente devota e sensível.
O TAU DO PENITENTE
Francisco de Assis viveu em um ambiente
no qual o TAU estava carregado de uma grande riqueza simbólica e
tradicional. Assumiu para si a marca do TAU como sinal de sua conversão e
da dura batalha que travou para vencer-se. Não era tão fácil para o
jovem renunciar seus sonhos de cavalaria para chegar ao despojamento do
Crucificado que o fascinou. Escolhe ser um cavaleiro penitente: eliminar
os excessos, os vícios e viver a transparência simples das virtudes. Na
sua luta interior chegou a uma vitória interior. Um homem que viveu a
solidão e o desafio da comunhão fraterna; que viveu o silêncio e a
canção universal das criaturas; que experimentou incompreensão e
sucesso, que vestiu o hábito da penitência, que atraiu vidas, encontrou
um modo de marcar as paredes de Santa Maria Madalena em Fontecolombo, de
assinar cartas com este sinal. De lembrar a todos que o Senhor nos
possui o nos salva sob o signo do TAU.
O TAU FRANCISCANO
O TAU franciscano atravessa oito séculos
sendo usado e apreciado. É a materialização de uma intuição. Francisco
de Assis é um humano que se move bem no universo dos símbolos. O que é o
TAU franciscano? É Verdade, Palavra, Luz, Poder e Força da mente
direcionada para um grande bem. Significa lutar e discernir o verdadeiro
do falso. É curar e vivificar. É eliminar o erro, a mentira e todo o
elemento discordante que nega a paz. É unidade e reconciliação.
Francisco de Assis está penetrado e iluminado, apaixonado e informado
pela Palavra de Deus, a Palavra da Verdade. É um batalhador incansável
da paz, o Profeta da Harmonia e Simplicidade. É a encarnação do
discernimento: pobre no material, vencedor no espiritual. Marcou-se com
este sinal de luz, vida e sabedoria.
O TAU COMO IDEAL
No mês de novembro de 1215, o Papa Inocêncio III presidia um Concilio na Igreja Constantiniana de Roma. Lá estavam presentes 1.200 prelados, 412 bispos, 800 abades e priores. Entre os participantes estavam São Domingos e São Francisco. Na sessão inaugural do Concílio, no dia 11 de novembro, o Papa falou com energia, apresentou um projeto de reforma para uma Igreja ferida pela heresia, pelo clero imerso no luxo e no poder temporal. Então, o Papa Inocêncio III recordou e lançou novamente o signo do TAU de Ezequiel 9,1-7. Queria honrar novamente a cristandade com um projeto eclesial de motivação e superação. Era preciso uma reforma de costumes. Uma vida vivida numa dimensão missionária mais vigorosa sob o dinamismo de uma contínua conversão pessoal. São Francisco saiu do Concílio disposto a aceitar a convocação papal e andou marcando os irmãos com o TAU, vibrante de cuidado, ternura e misericórdia aprendida de seu Senhor.
No mês de novembro de 1215, o Papa Inocêncio III presidia um Concilio na Igreja Constantiniana de Roma. Lá estavam presentes 1.200 prelados, 412 bispos, 800 abades e priores. Entre os participantes estavam São Domingos e São Francisco. Na sessão inaugural do Concílio, no dia 11 de novembro, o Papa falou com energia, apresentou um projeto de reforma para uma Igreja ferida pela heresia, pelo clero imerso no luxo e no poder temporal. Então, o Papa Inocêncio III recordou e lançou novamente o signo do TAU de Ezequiel 9,1-7. Queria honrar novamente a cristandade com um projeto eclesial de motivação e superação. Era preciso uma reforma de costumes. Uma vida vivida numa dimensão missionária mais vigorosa sob o dinamismo de uma contínua conversão pessoal. São Francisco saiu do Concílio disposto a aceitar a convocação papal e andou marcando os irmãos com o TAU, vibrante de cuidado, ternura e misericórdia aprendida de seu Senhor.
O TAU NAS FONTES FRANCISCANAS
Os biógrafos franciscanos nos dão
testemunhos da importância que São Francisco dava ao TAU: “O Santo
venerava com grande afeto este sinal”, “O sinal ao TAU era preferido
sobre qualquer outro sinal”, “O recomendava, freqüentemente, em suas
palavras e o traçava com as próprias mãos no rodapé das breves cartas
que escrevia, como se todo o seu cuidado fosse gravar o sinal do TAU,
segundo o dito profético, sobre as frontes dos homens que gemem e lutam,
convertidamente a Jesus”, “O traçava no inicio de todas as suas ações”,
“Com ele selava as cartas e marcava as paredes das pequenas celas” (cf.
LM 4,9; 2,9; 3Ccl 3). Assim Francisco vestia-se da túnica e do TAU na
total investidura de um ideal que abriu muitos caminhos.
TAU, SINAL DA CRUZ VITORIOSA
Cruz não é morte nem finitude, mas é
força transformante; é radicalidade de um Amor capaz de tudo, ato de
morrer pelo que se ama. O TAU, conhecido como a Cruz Franciscana, lembra
para nós esta deslumbrante plenitude da Beleza divina: amor e paz. O
Deus da Cruz ó um Deus vivo, que se entrega seguro e serenamente à mais
bela oferenda de Amor e Paz. São Francisco, o TAU lembra a missão do
Senhor: reconciliadora e configuradora, sinal de salvação e de
imortalidade; o TAU é uma fonte da mística franciscana da cruz: quem
mais ama, mais sofre, porque muito ama, mais salva. Um poeta dos
primeiros tempos do franciscanismo conta no”Sacrum Comercium”, a entrega
do sinal do TAU à Dama Pobreza pelo Senhor Ressuscitado, que o chama de
“selo do reino dos céus”. A Dama Pobreza clamam o menores: “Eia, pois,
Senhora, tem compaixão de nós e marca-nos com o sinal da tua graça!” (SC
21-22).
O TAU E A BÊNÇÃO
Francisco se apropriou da benção
deuteronômica, transcreveu a com o próprio punho e deu a Frei Leão: “Que
o Senhor te abençoe e te guarde. Que o Senhor mostre a tua face e se
compadeça de ti. Que o Senhor volva o teu rosto para ti e te dê a paz.
Irmão Leão; o Senhor te abençoe!” Sob o texto da benção, o próprio Frei
Leão fez a seguinte anotação: “São Francisco escreveu esta bênção para
mim, irmão Leão, com seu próprio punho e letra, e do mesmo modo fez a
letra TAU como base”. Assim, Francisco, num profundo momento de
comunicação divina, com delicadeza paternal e maternal, abençoa seu
filho,irmão, amigo e confidente. Abençoar é marcar coma presença, é
transmitir energias que vêm da profundidade da vida. O Senhor te
abençoe!
O TAU E A CURA DOS ENFERMOS
No relato de alguns milagres, conta-se
que Francisco fazia o sinal da cruz sobre a parte enferma dos doentes.
Após ter recebido os estigmas no Monte Alverne, Francisco traz em seu
corpo as marcas do Senhor Crucificado e Ressuscitado. Marcado pelo
Senhor, imprime a marca do Senhor que salva em tudo o que faz. Conta-nos
um trecho das Fontes Franciscanas que um enfermo padecia de fortes
dores, invoca Francisco e o santo lhe aparece e diz que veio para
responder seu chamado, que traz o remédio para cura-lo. Em seguida,
toca-lhe no lugar da dor com um pequeno bastão arrematado com o sinal do
TAU, que traz consigo. O enfermo ficou curado e permaneceu em sua pele,
no lugar da dor, o sinal do TAU (cf. 3Cel 159). O Senhor identifica-se
com o sofrimento de seu povo. Toma a paixão do humano e do mundo sobre
si. Afasta ador e deixa o sinal de Amor.
A COR DO TAU
O TAU, freqüentemente, é reproduzido em
madeira, mas quando, pintado, sempre vem com a cor vermelha. O Mestre
Nicolou Verdun, num quadro do século XII, representa o Anjo Exterminador
que passa enquanto um israelita marca sobre a porta de sua casa um TAU
com o Sangue do Cordeiro Pascal que Se derrama num cálice. O Vermelho
representa o sangue do Cordeiro que se imola para salvar. Sangue do
Salvador, cálice da vida! Em Fontecolombo, Francisco deixou o TAU
grafado em vermelho. O TAU pintado na casula de Frei Leão no mural de
Greccio também c vermelho. O pergaminho escrito para Frei Leão no Monte
Alverne, marca em vermelho o TAU que assina a bênção. O vermelho e
símbolo da vida que transcende, porque se imola pêlos outros. Caminho de
configuração com Jesus Crucificado para nascer na manhã da
Ressurreição.
O TAU NA LINGUAGEM
O Tau é a última letra do alfabeto
judaico e a décima nona letra do alfabeto grego. Não está aí por acaso;
um código de linguagem reflete a vivência das palavras. O mundo judaico
e, conseqüentemente a linguagem bíblica, mostram a busca do
transcendente. É preciso colocar o Deus da Vida como centro da história.
É a nossa verticalidade, isto é, o nosso voltar-se para o Alto. O mundo
grego nos ensinou a pensar e perguntar pelo sentido da vida, do humano e
das coisas. Descobrir o significado de tudo é pisar melhor o chão,
saber enraizar-se. É a nossa horizontalidade, A teologia e a filosofia
são servas da fé e do pensamento. Quem sabe bem onde está parte para
vôos mais altos. É como o galho de pessegueiro, cortado em forma de TAU é
usado para buscar veios d’água. Ele vibra quando a fonte aparece cheia
de energia. Coloquemos o TAU na fonte de nossas palavras!
O TAU, O CORDÃO E OS TRÊS NÓS
Em geral o Tau é pendurado no pescoço
por um cordão com três nós. Este cordão significa o elo que une a forma
de nossa vida. O fio condutor do Evangelho. A síntese da Boa Nova são os
três conselhos evangélicos = obediência, pobreza, pureza de coração.
Obediência significa acolhida para escutar o valor maior. Quem abre os
sentidos para perceber o maior e o melhor não tem medo de obedecer e
mostra lealdade a um grande projeto. Pobreza não é categoria econômica
de quem não tem, mas ó valor de quem sabe colocar tudo em comum. Ser
pobre, no sentido bíblico-franciscano, e a coragem da partilha. Ser puro
de coração e ser transparente, casto, verdadeiro. E revelar o melhor de
si. Os três nós significam que o obediente é fiel a seus princípios; o
pobre vive na gratuidade da convivência; o casto cuida da beleza do seu
coração e de seus afetos. Tudo isto está no Tau da existência.
USAR O TAU E LEMBRAR O SENHOR
Muita gente usa o TAU. Não é um amuleto,
mas um sacramental que nos recorda um caminho de salvação que vai sendo
feito ao seguir, progressivamente, o Evangelho. Usar o TAU é colocar a
vida no dinamismo da conversão. Cada dia devo me abandonar na Graça do
Senhor, ser um reconciliado com toda a criatura, saudar a todos com a
Paz e o Bem. Usar o TAU é configurar-se com aquele que um dia ilumina as
trevas do nosso coração para levar-nos a caridade perfeita. Usar o TAU o
transformar a vida pela Simplicidade, pela Luz e pelo Amor. E exigência
de missão e serviço aos outros, porque o próprio Senhor se fez servo
até a morte e morte de Cruz. (Por Frei Vitório Mazzuco, OFM )
Fonte: www.franciscanos.org.br
Comentários
Postar um comentário